58. Os Dotes de Danda

Danda, prostituta da Ilha de Vulkan.

[Antes: 57. Ataque ao Posto]

– Ihhhhh! – Exclama Vandu, já alisando o órgão sexual excitado.

– Hagalaz mandou essa vulcânica pra nos ajudar a andar nessa terra! – Diz Kreuber, quase hipnotizado.

– Coitada, de fato! – Exclamou Tudur, enquanto já percebia a salivação do pessoal.

A nativa se encolheu no canto do reservado, já percebendo as más intenções por detrás daquelas expressões que ela não conseguia entender. Reagindo aos olhares gulosos com algum medo, a vulkânica parecia perguntar ao mesmo tempo em que lamentava a situação:

– Hwo ist art thee?

Apenas Jon Hagen conhecia um pouco daquele idioma, que parecia um tipo de Hoglish antigo, a língua dos bárbaros:

– Acho que ela está perguntando quem somos nós.

– Só pode ser uam armação do Vito. Esmola demais meu pau desconfia. – Diz Vandu, inquieto, já tentando controlar seus instinstos, enquanto se afastava para fumar um charuto de dente de leão:

– Melhor eu fumar…

– Quem tem as runas podia jogar pra gente saber qual é a desse espírito. – Diz Kreuber, já olhando para Bia.

– Não vou jogar nada. Olhem pra ela. Está com medo. – Responde Bia.

– Nem precisa de runa. Bonita assim é coisa do Vito. Melhor matar essa filha da puta, hein? – Diz Vandu, enquanto tenta se acalmar fumando.

– Passa a faca nela, Vandu. Nem dá chance pra ela. Vai logo na jugular. – Provoca Lend.

Hagen continuava tentando se comunicar com a nativa. Chamava-se Danda, e estava no posto para prestar favores sexuais para os guardas. Pelo que o Arauto de Milenor podia compreender, tratava-se de uma atividade comum na ilha, até mesmo valorizada. Nada parecido com todo o preconceito e menosprezo que as prostitutas enfrentavam nos bordéis da Terra Vélgica. Naquela madrugada, Danda já tinha terminado seus serviços.

– Então chegamos bem na hora da atividade… – Debocha Lend.

Vandu começa a rir. Jon Tudur pede a Hagen:

– Pergunta pra ela quando é a troca da guarda.

– Isso. Bem lembrado molecão. – Concorda Vandu.

– Ela não sabe. Disse que sempre vêm aqui à noite, e são os mesmos guardas. Não lembra de ter havido alguma troca nos últimos anos. – Diz Hagen, após trocar mais algumas palavras com a nativa.

– Boa. – Diz Tudur.

– Ela disse que fará tudo o que quisermos, desde que a deixemos viva. – Completa Hagen.

Aí já era demais. Vandu volta para o reservado, já abaixando as calças. Passando na frente de todos, o gigante tigunar começa a ter relações sexuais com a nativa, que já parece conformada com a situação. Talvez até com alguma esperança de sobreviver. Percebendo o que iria acontecer, Jon Tudur sai da cabine. Ele sabia que Hevelgar não tolerava aquele tipo de ação, e temia pela vida dos amigos caso permanecesse ali.

– Só não matem a moça. – Diz Tudur, já se retirando.

– Por mim depois a gente mata ela… Se ficar viva, vai nos entregar assim que puder. – Rebate Kreuber.

– Pica na danada. Vamos ver se ela faz jus ao nome. – Diz Lend, fazendo um trocadilho, para desgosto de Bia, que se afasta do local, revoltada.

Quando a sacerdotisa sai, o chefe da Bruma questiona:

– Será que ficou chateada porque não pegaram ela também? – Ironiza Lend.

– Essa Bia é um pé no saco. Fica putinha com qualquer merda. – Diz Kreuber, já testando a receptividade de Danda para um sexo grupal. A nativa não oferece resistências.

– Já é nossa, Vandam! Tá na coleira! – Diz Vandu, enquanto se satisfaz com a vulkânica.

– Porra, essa Danda deve tá cheia de doença. – Diz Vandam, recusando o convite.

– Desde quando vagabundo tem medo de morrer doente? Isso é o que menos mata por aqui. – Afirma Kreuber, enquanto recebe os favores orais que a prostituta já lhe proporcionava.

– Tenho mais doença que ela. – Responde Vandu.

– Pergunta pra ela como a gente faz pra chegar na cratera, sem perrengues. – Pede Kreuber.

– Cuidado pra ela não mentir e levar a gente pra furada, hein? – Adverte Lend.

– É só avisar que pra cada mentira é uma pata a menos… – Diz Kreuber.

Hagen faz mais algumas perguntas a Danda, que estava se esforçando para falar ao mesmo tempo em que atendia aos dois guerreiros. Após algum tempo tentando compreender as respostas da vulkânica, ele retorna com as informações:

– Ela disse que a melhor opção para chegar na cidade proibida é seguir pelos canais, de madrugada. Ela poderia nos guiar até lá. Precisaríamos passar por alguns postos de guarda, na estrada. E ela conhece outras meninas que poderiam nos ajudar a chegar no alto da cidadela, disfarçados. A única coisa que pede em troca é que a deixemos viva.

– Por mim a gente desmaia ela até decidir como fazer para nos ajudar a chegar à cratera. – Sugere Sif, que também tinha preferido dispensar a orgia. O gaulês então se dirige até os cadáveres dos guardas mortos, que já estavam do lado de fora do posto, e começa o ritual de sempre. Segurando forte o crânio dos homens, mastigava algumas raízes de Cidália enquanto murmurava as palavras mágicas que o guiavam durante o transe.

– Eu tô fora. – Diz Lend, saindo da cabine junto com Vandam e Sif. No fundo, o chefe da Bruma continuava preferindo cortejar a sacerdotisa de Virgo, que já estava enojada com tudo aquilo. No lado de fora do posto, Lend se aproxima de Bia, tentando consolá-la:

– Acho um erro o que estão fazendo. Vai que ela é resistente a algum veneno, e nós não.

– Podem fazer o que quiserem. Pelo que vi, a nativa está confortável com a situação. – Responde Bia, ainda contrariada.

– Eu jamais participaria disso. Só tenho olhos para uma mulher. A que estou vendo neste momento. – Rebate Lend, tirando um sorriso tímido dos lábios da sacerdotisa.

Enquanto isso, Vandu e Kreuber continuavam a “castigar” a prostituta vulkânica, olhando impacientes para o Cavaleiro Escarlate, último a assistir à cena, sem participar.

– Só estamos perdendo tempo. – Diz Hagen, já desistindo de obter mais informações de Danda.

– É o prêmio de guerra, porra. – Rebate Vandu.

– Vai demorar, hein? Melhor tu arrumar algo pra fazer. – Ironiza Kreuber.

– Mas sou contra matar a nativa. Precisamos ainda decidir como atravessar a ilha sem chamar a atenção, e Danda pode ser útil. – Afirma Hagen, também se retirando após vasculhar o local para ver se encontrava algo de valor.

Enquanto isso, do lado de fora do posto, na areia, Ben Sif conseguia ver algumas memórias dos guardas mortos. Numa delas, Vitiferralis era recebido em glória pelo Grão-Mestre de Vulkan, cuja religião adorava os Dragões de Fogo. Para eles, o velho mago era mais do que um profeta, era um libertador! Jamais conseguiriam despertar a fêmea dos dragões, mas depois que Vito conseguiu acordar os quatro Cardeais, estavam em júbilo. Todos agora estavam esperançosos com o advento do que chamavam de “O Despertar da Deusa”. O evento místico que queimaria todos os infiéis no fogo sagrado.

Quando Sif informa o que viu para Lend, o chefe da Bruma fica aliviado, falando alto na direção do posto:

– Aí, Kreuber! Se a gente tivesse tentado a diplomacia estaríamos fudidos!

Hagen, que também chegava ao local e ouviu toda a história, dispara:

– Seria uma ilha inteira contra a gente. Alguém tem problema com fogo?

– Achou algo de valor no posto? – Pergunta Lend, após ter visto o arauto fazendo buscas na cabine.

– Nada. – Responde Hagen.

– Se quiser pode ficar com a tanga desses defuntos. – Ironiza Lend, rindo, e provocando gargalhadas em Jon Tudur.

O Cavaleiro Escarlate dá de ombros, sem cair na provocação. Dentro do posto, Vandu e Kreuber finalmente se dão por satisfeitos. Impiedoso, o gigante tigunar sangra a prostituta com sua espada, e começa a arrastar mais um cadáver para fora:

– Chega. Não podemos deixar rastro. Ela era uma armadilha, coisa do diabo. Guerra é guerra.

[Continua: 59. No Caminho da Cidadela]

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