100. Na Taberna de Galen
– Já que a morena foi embora, a ruiva desce com o campeão pra procurar o Papatudo no bordel. Vocês falam de mim pra negociar uma forma de entrar no castelo. – Reforça Ferro.
Arley corre para fora da caverna e chama Eril de volta. A filha de Erik retorna e diz ao líder:
– Ferro, me dá a caixinha verdadeira aí. Vou lá na porra do seu amigo. Vamos terminar logo isso!
– O que é isso, morena? Tá tranquilo. Fuma aqui um charuto comigo. – Diz Ferro: – Quem for à taberna não pode levar a caixinha, morena…
– Você é muito filho da puta, cara. – Rebate Eril.
Merlin não entende nada. Caixinha verdadeira? Somente naquele momento o mago se deu conta do que tinha acontecido:
– Galera, apesar de ser um filho da puta folgado, o plano do Ferro parece bom. – Diz o mago.
– Ruiva, tu vai lá? Vou ficar aqui tomando um chá e fumando um charuto enquanto você e o campeão aí resolvem essa bronca, valeu? – Questiona Ferro, se voltando para Eris Van Vossen.
Após uma pausa, o líder pergunta a Haia:
– Campeão, tu fala a língua de Venez? Pois se descobrirem que tu é de Darklands o negócio vai encardir pra vocês… Um vulkânico falando a língua dos velgas?
– Você não fala, Ferro? Coloca um capuz e vai com eles… – Provoca Eril.
– De Venez, só falo Ciao e Arrivederci, galera… – Responde o velga.
– Então como você ficou amigo desse venegasco, Ferro? – Questiona a sacerdotisa.
– Peguei uma coisa emprestada com ele uma vez… – Explica o líder.
– E devolveu? – Pergunta Haia.
– Depois de um tempo, ela voltou sozinha pra ele… – Rebate Ferro, sarcástico.
– Você podia nos poupar das suas babaquices sem graça. – Responde o vulkânico, irritado.
– Fica tranquilo, campeão… O Papatudo fala velga. – Informa o Gargo.
– É ele quem devemos procurar? – Reforça Haia.
– Isso. Esse cara manda muito aqui. Mais do que o Marquês de Galen. – Responde o velga.
– O que ele é no puteiro? – Pergunta o Cavaleiro da Bruma.
– Dono. – Diz Ferro.
– Boi de piranha fudido. – Avalia Eril, alertando a irmã.
– Ferro, um dia vou encontrar você numa taberna pra escutar as suas histórias. – Diz Arley.
– Podem confiar no Toni Ferro, galera… – Afirma o líder, antes de se dirigir a Haia Kahn: – E aí, campeão? Vai ou não vai?
– E aí, campeão? – Repete Eril, irônica.
– Vou resumir seu plano: chego lá com a ruiva e pergunto pelo Jean Pier falando que sou seu amigo, e que queremos entrar no castelo. – Diz Haia.
– Isso. – Afirma Ferro.
– Então eu vou. Alguém tem um plano melhor? – Questiona o vulkânico.
Ninguém dá um pio. Arley começa a rir.
– Acham engraçado essa babaquice toda? – Pergunta Haia.
– Muito. – Responde Arley.
– No momento esse é o melhor plano. – Diz Merlin.
– Eu também acho. – Diz Arley.
– Então vamos. – Define Haia, voltando-se para Eris.
– Fechado. Alguém aí quer um chá? – Pergunta Ferro, já se servindo.
No meio da noite, o Cavaleiro da Bruma e a bruxa elemental começam a descer pelas encostas do leste, na direção do porto de Galen. Na caverna, Eril Van Vossen começa a fazer sexo com Arley para provocar Ferro. A sacerdotisa também serviria Merlin, se ele não a recusasse, e Suva, se o tigunar não estivesse completamente imobilizado. Mas agora ela fazia questão de dar pra todo mundo, menos para o líder da missão.
Seguindo uma trilha para o cais, Haia e Eris chegam à taberna de madrugada e amarram os cavalos na estrebaria ao lado do estabelecimento. No local, só havia guerreiros, vagabundos e prostitutas. Quando a gaulesa se aproxima da entrada, um guarda pergunta se ela veio trabalhar. Para o vulkânico, o sujeito questiona se ele veio beber ou dormir.
– Jean Pier me chamou. Disse que tinha uma proposta para mim.* – Diz Eris, falando a língua
– Qual o seu nome, mulher? Quem a mandou para o Papa?* – Continua o guarda: – Esse vulkânico está com você? De onde vocês vieram?*
– Meu nome é Lisa. Jean falou que quando eu quisesse trabalho, era só aparecer aqui…* – Diz Eris, já se insinuando para o sujeito.
– E quem é esse vulkânico? Seu cliente?* – Pergunta o guarda, já gostando da forasteira.
– Ele protege minha pureza…* – Responde a gaulesa, maliciosa.
– Papa não permite cafetões aqui.* – Afirma o gaulês.
– É muito perigoso para uma dama andar desprotegida nessas redondezas. Quem sabe o que pode acontecer… – Continua Eris, provocante.
– Siamo venuti prima a bere. – Arrisca Haia, usando todo o seu conhecimento da língua venegasca.
– O que ele disse, mulher?* – Questiona o guarda: – Tu é de Venez, forasteiro? Não falo sua língua…*
– Que deseja apenas beber. Podemos entrar agora?* – Responde Eris.
– Quem mandou vocês aqui? O Papa te conhece?* – Insiste o gaulês.
– Já disse: meu nome é Lisa. Vim indicada por um amigo do Papa chamado Toni Ferro*.
– Toni Ferro, de Van Hal?* – Surpreende-se o guarda: – Podem entrar. O Papa certamente vai querer falar com vocês… Venham comigo.*
O sujeito conduz Haia e Eris pelo salão da taberna até um aposento nos fundos, que parece uma sala reservada para convidados. No local, um gaulês obeso, cercado de mulheres vestidas em trajes minúsculos, acorrentadas, se empanturra de bebida e comida. Quando o guarda anuncia os visitantes, Papa pergunta, usando um velga fluente:
– Aquele corno safado não está lá fora, certo? Vou adiantar as coisas… O que querem pra me dizer onde o filho da puta está? Antes que eu arranque a cabeça de um de vocês pra saber na marra?