Arley Vanila, tigunar da Hokhe de Joy Divile.

[Antes: 98. Em Busca do Caolho]

Quando Eril se viu cercada pelos gauleses aliados dos bárbaros, Eris sentiu que a irmã estava em perigo. Enquanto isso, Suva já estava impaciente com a demora da morena:

– Aí Merlin, temos que fazer alguma coisa.

No galpão do abatedouro, Eril viu o cadáver enforcado de um sujeito que usava um tapa-olho. Tinham descoberto o espião. O líder dos soldados continuava a gritar, em gaulês*:

– Você vai colaborar, sua puta?!*

– Colaborar com o quê, meu senhor! Vim aqui comprar porcos e me mandaram procurar um senhor chamado caolho.*

– Pode entregar tudo o que sabe, sua traidora!*

– Não sei do que está falando, meu senhor…*

– Tira a roupa e deita no chão, bruxa!*

Naquele momento, Merlin também teve o pressentimento de que as coisas tinham saído do controle. Suva resolve que não é mais tempo de esperar, e parte galopando para a fazenda:

– Foda-se!

Merlin, Arley e Haia decidem segui-lo. No galpão, encurralada, Eril resolve provocar o líder:

– Você se acha muito homem, né? Quero ver se faz com a mesma energia com que grita!*

Os soldados começam a rir do líder, que se enfurece com a resposta. Um dos alamanos no local fala para deixarem que ele mostrasse à traidora como se faz, já se adiantando e abaixando as calças.

– Vai deixar um vassalo fazer o que não consegue, liderança?* – Ironiza Eril, enquanto pega discretamente uma bruma de ilusão: – Parece que essas insígnias só servem para enfeite*.

Quando o alamano avança e se prepara para agarrá-la, Eril lança a esfera de vidro no chão, liberando a substância alucinógena. A sacerdotisa usa um dos totens para mentalizar que seu corpo entrou em combustão, provocando o espanto dos guerreiros no local.

– Líder fraco, grupo fraco. – Diz Eril, já preparando outras brumas, de sono e de fuga.

Alguns soldados tombam ao chão, incluindo o líder e o bárbaro que a atacava. O resto deles resolve correr para fora do abatedouro, apavorados com a magia de Eril. Do lado de fora, enquanto avançava na direção da fazenda, Suva é atingido por uma flecha na barriga e cai do cavalo violentamente. O tigunar sofre uma fratura na coluna, perdendo temporariamente os movimentos. Merlin lança uma bruma de fuga na área e Haia fica para trás para ajudar o companheiro ferido. Seguindo num rastro de bruma escura, Arley e o mago continuam galopando na direção do abatedouro.

Quando chegam ao local, ainda tomado pela escuridão da bruma, eles percebem que Eril está se vingando do alamano que tinha tentado estuprá-la: a filha de Erik degolou o bárbaro, decepou seu órgão sexual e colocou na boca do sujeito, exclamando:

– Precisava estuprar? Era só pedir com jeito! Babaca!

Arley mata os soldados que tinham adormecido no local, enquanto Merlin percebe o cadáver do caolho pendurado. Sem perder tempo, o mago mastiga uma raiz de Cidália e começa o ritual necromante, descobrindo que o sujeito tinha arrumado um esquema para fornecer carne de porco para um banquete no castelo. Se não tivesse sido descoberto, ele iria mandar alguém do grupo junto com o carregamento. Mas agora o plano estava arruinado, e até mesmo o fazendeiro Van Lon tinha sido morto.

Enquanto saem do abatedouro, Eril recebe uma mensagem de sua irmã: ela e Ferro estavam escondidos em uma caverna próxima, colina acima. A orientação do líder da missão era para que todos se reunissem lá para decidir o que fazer. Eril dá as coordenadas seguindo no cavalo de Arley, e Haia leva Suva, imobilizado.

Chegando à caverna, o grupo percebe que Ferro está fumando seu charuto e preparando um chá para a tarde.

– Tô preocupado, campeão… – Diz o líder, sem aparentar preocupação alguma, no entanto.

– Nossa! Percebe-se. – Ironiza Haia, enquanto desce Suva do cavalo, estirando o tigunar no chão para que Eris pudesse prestar os socorros com a Poção de Virgo.

Irritada, Eril lança uma bruma de sono na direção de Ferro. Com a liberação da substância narcótica, Eris e Merlin apagam, mas o líder continua acordado, e ri da situação.

– Qual é, morena?! Tá com ciúme? Depois a gente brinca de novo… Aliás, deixa eu pegar a caixinha com o Mago Merlin. – Diz Ferro, já revistando o necromante caído no chão.

– Pra que tu quer a Aurora, Ferro? – Questiona Eril, ainda com raiva.

– Vamos ter que repensar a estratégia. – Responde o Gargo.

– Pra quê, Ferro?! – Insiste Haia.

– Fica tranquilo, campeão. Acho que agora eu mesmo vou ter que completar essa missão. – Afirma Ferro, assim que encontra a pequena caixa de chumbo.

Arley começa a rir, debochando do líder, e Haia o acompanha, antes de perguntar:

– Qual o seu plano, Ferro?

Para horror dos companheiros, o Gargo abre a caixinha e aciona o dispositivo. Todos ali se encolhem, já esperando o pior, mas nada acontece.

– O que é isso?! – Exclama Haia.

– Quer fazer pó da gente, caralho?! – Grita Eril.

– Essa caixinha aí é falsa. – Explica Ferro: – Eu troquei. A verdadeira tá comigo. Mas a gente precisava que o Mago Merlin acreditasse que levava a verdadeira.

– Que se foda! – Irrita-se a gaulesa.

– Deixa o cara, galera. Ele vai ajudar. – Murmura Suva, ainda imobilizado.

Arley começa a gargalhar.

– Tá rindo de que, negão?! – Questiona Eril, de mau humor: – Se a gente fizesse o que o Ferro queria íamos continuar andando com uma caixinha de porra nenhuma por aí!

– Mas agora esse plano babou. – Lamenta o líder: – Vamos ter que entrar de outro jeito.

– Beleza, Ferro. E aí? – Pergunta a filha de Erik, impaciente.

– Eu conheço um cara que pode ajudar a gente. O cara é dono de uma teberna no cais de Galen. Mas não vai dar pra descer todo mundo. Só pode ir uma das gaulesas e o campeão.

Arley volta a gargalhar.

– Você também vai, Ferro. Se não, minha missão termina aqui. – Decreta Eril.

– Eu sou velga, morena… Não posso aparecer no cais. – Responde o líder.

– Foda-se! – Exclama a gaulesa: – Vou embora! Terminem vocês a missão pra esse babaca!

– Que isso, morena?! Hahahaha! – Rebate Ferro, rindo: – Pra que essa agressividade? Volta aqui…

– Para de fazer cu doce, Eril… – Diz Haia: – Aguenta essa xereca aí.

– Vai chupar o pau do Suva, baba ovo do Ferro! – Exclama Eril.

– Tá todo mundo muito estressado, pessoal… Sem motivo. – Diz o líder.

– Vamos ouvir o plano. Se você não concordar a gente busca um melhor. Qual o problema nisso, nervosinha? – Argumenta Haia.

– O plano é a gente continuar de bucha pra ele. Não vou mais. Nem fodendo. – Replica a filha de Erik: – Esse papo de que é velga não cola. O Merlin também é velga e ficou andando por aí com um alvo nas costas, com uma caixa maldita enquanto ele fuma charuto. E no fim da missão ainda vai terminar como o líder pica grossa. Vai se foder. Tô indo. Abraço pra quem fica.

– Calma aí, morena… Na próxima você fica comigo e a ruiva vai com o grupo, pô! – Provoca Ferro.

– Vamos ouvir o plano. – Insiste Haia.

– O plano é encontrar Jean Pier “Papatudo” no bordel da taberna. O cara manda por aqui. Digam que eu quero negociar com ele… – Explica Ferro.

– Diz você. – Fala Arley.

– Ferro: por que tem de ir o Merlin e não você que está aí cheio de saúde? – Questiona Haia: – Tá na hora de acabar essa sua viagem de férias.

– Merlin? Tem que ir você e uma das gaulesas, campeão… Tu é o único vulkânico do grupo. – Esclarece o líder: – São duas raças que serão bem recebidas lá.

Naquele momento, Eris e Merlin já estavam acordados e ouviram as palavras de Ferro. Com exceção de Eril, que já se afastava, o resto do grupo se entreolha, pois o plano realmente fazia sentido.

[Continua: 100. Na Taberna de Galen]

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